sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Quero ser ghost writer

Não se iluda. Se você não é famoso, não é parente ou cônjuge de alguém importante, não é rico pra chuchu, terá abissais dificuldades para publicar seu livro. Se for algo que você quer muito, e para tal não medirá esforços, meu conselho é que procure um agente literário. O trabalho dele, entre outros, será batalhar editoras pra você. Mas não fica barato. Não é nenhuma exorbitância, mas pagar um valor mensal (o último que eu soube era de 350 reais) sem que nem assim haja garantia de que seu livro saia... Bom, pra mim não vale a pena. Cada um, cada um. E tem outra coisa. Venda de livro não dá dinheiro pra o autor. Sim, o Paulo Coelho ficou milionário, mas ele é aquela honrosíssima exceção que confirma a regra. O que se paga pro sujeito que ralou a mufa pra fazer o livro fica entre 8 e 10 por cento do preço de capa. Num país como o nosso, em que muuuitos acham que pagar 15 reais por um DVD legítimo é um roubo, tente adivinhar quanto vende um autor nacional e desconhecido. Sim, merrmão, o fato de ser autor nacional pesa, e não no bom sentido. Eu mesma recebi um e-mail de uma leitora, elogiando meu livro -- lógico! --, no qual ela dizia: "Vou ser franca com você. Se eu soubesse, antes de comprar, que você era brasileira, não teria comprado". Que sorte a minha ter sobrenome importado!
Não quero desiludir ninguém. Escrever é um verdadeiro tesão. Mas se você pretende ficar rico com isso, terá de contar com uma estrela do tamanho da do... Paulo Coelho. Não basta ser talentoso e ter ótimas idéias, de jeito nenhum.
Por isso eu adoraria ser ghost writer. Isso sim pode ser uma boa pedida. Assim, se vc conhecer alguém que tenha grana e muita vontade de escrever um livro, indique-o pra mim. O trabalho do ghost é justamente esse: fazer o texto de quem não é bom nisso, mas tem bala na agulha até, muitas vezes, pra bancar uma publicação inteira. Ou mais. Para se ter uma idéia, uma vez trabalhei na preparação de um livro em que o ghost ganhou 60 mil reais; e isso já faz alguns anos.
Bom, é isso. Um dia algum figurão ainda me procura, doido pra ter um livro muito bem escrito publicado por uma editora que o agarrará a laço, e eu ganharei uma baba. Não tô nem aí que o meu nome não aparecerá. Escrever é um trabalho como outro qualquer, embora não seja pra qualquer um.